Mundo
doente
Um mundo
doente - Crise na
Europa e nos Estados Unidos, queda de governos árabes, discussões sobre o
aquecimento global. As doenças que acometem o mundo não são de ordem econômica,
política ou ambiental. Nossas mazelas são de caráter social. A sociedade está
enferma.
As
pessoas estão fisicamente doentes. Caminhe por uma praia e observe a condição
dos banhistas para constatar a falta de cuidados com o próprio corpo, fruto de
vida sedentária, alimentação desregrada, ausência de atividade física. Não é à
toa que obesidade, hipertensão arterial e doenças coronarianas crescem
vertiginosamente.
As
pessoas estão mentalmente doentes. Ansiedade, angústia, transtornos de humor.
Como prova do que digo, observe a proliferação de drogarias por todo o país. E
mais do que o número de novos estabelecimentos, a freqüência maciça de
consumidores. Não importam dia e horário, invariavelmente você encontrará filas
nos caixas. Gente comprando de medicamentos para as dores do corpo, a
ansiolíticos e antidepressivos.
As
relações sociais estão doentes. Temos cada vez mais amigos virtuais, mas
continuamos sem conhecer o vizinho que reside há anos na porta ao lado.
Familiares não comungam de uma mesma refeição, pais e filhos pouco conversam,
casais de amigos em um encontro pessoal trocam a autenticidade de um diálogo
pela efemeridade de tuitadas em seus smartphones.
As
empresas estão doentes. Mesmo quando lucrativas, sofrem com crises de
liderança, dificuldades para engajar seus funcionários e reter talentos,
dilemas morais para alinhar discursos institucionais às práticas corporativas.
Valores e
virtudes estão doentes. Intolerância, egoísmo e cupidez suplantam
condescendência, generosidade e gentileza. Prevalece a ética do interesse
pessoal em detrimento do coletivo.
No dia
seguinte ao réveillon, na praia, no campo ou nas ruas das cidades, o cenário
era de guerra. Lixo por todos os lados. Garrafas despedaçadas, deixando cacos
de vidros infiltrados na mesma areia onde crianças inocentemente iriam brincar
ao raiar do dia.
Nossos
problemas não são conjunturais, mas estruturais. E a solução passa por
reflexão, educação e cultura.
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