EDITORIAL AGENDA ABRIL 2103.
Desde aquele dia, 28 de dezembro de 1895, o mundo via nascer e se
desenvolver a complexa manifestação estética chamada de 7ª Arte, o
cinema. Naquele dezembro no Salão Grand Café, em Paris, os Irmãos
Lumière fizeram uma apresentação pública dos produtos de seu invento ao
qual chamaram Cinematógrafo. Pouco mais de trinta pessoas ficaram
abismadas e em pouco tempo a notícia se espalhou e o cinema conquistou o
mundo. A primeira exibição de cinema no Brasil aconteceu em 8 de julho
de 1896, no Rio de Janeiro, por iniciativa do exibidor itinerante belga
Henri Paillie. Naquela noite, numa sala alugada do Jornal do Commercio,
na Rua do Ouvidor, foram projetados oito filmetes de cerca de um minuto
cada, com interrupções entre eles e retratando apenas cenas pitorescas
do cotidiano de cidades da Europa. Só a elite carioca participou deste
fato histórico para o Brasil, pois os ingressos não eram baratos. Um ano
depois já existia no Rio uma sala fixa de cinema, o "Salão de Novidades
Paris", de Paschoal Segreto. Os primeiros filmes brasileiros foram
rodados entre 1897-1898.
E aqui, na cidade luminosa que é o Recife, como tudo começou?
Protagonista de um movimento local no começo do século XX, o estado teve
importante participação na história do cinema do Brasil. Na produção o
estado viveu dois momentos importantes: o Ciclo do Recife, e o Movimento
Super-8. Depois do início década de 1920, as produções regionais surgem
com ímpeto, sendo a do Recife considerada muito profícua, revelando
nomes como Edson Chagas, Gentil Roiz, Ary Severo e Jota Soares, em
produções de documentários e de longas-metragens, em títulos como Aitaré
da Praia, Um Dia na Fazenda, Jurando Vingar, entre outros. Também
surgem empresas como a Aurora Filmes, produtora de Aitaré da Praia, a
Vera Cruz e Olinda Filmes. Ainda nos anos 20 foram inauguradas muitas
salas de projeção na capital do estado, dos quais se destacam o Cinema
do Parque, Moderno, Helvética, Royal e outras. Após o cinema sonoro,
veio a fase da decadência, mas mesmo assim as produções aconteciam
esporadicamente e até 1969 apenas alguns documentários foram filmados no
estado, sobretudo pelo Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais.
Em seguida, foram feitas adaptações do Auto da compadecida de Ariano
Suassuna e de Morte e vida Severina de João Cabral de Melo Neto, em
filmes de 35mm.
A partir da década de 1970, o barateamento das produções amadoras de
cinema com os filmes em Super-8 proporcionou o surgimento, em 1973, o
Ciclo Super-8, restrito à produção de curtas-metragens para exibição
quase exclusivamente em festivais. Deste período contam-se Fernando
Spencer, Athos Cardoso, Celso Marconi, Jomar Muniz de Brito, Kátia
Mesel, entre outros. Enfim, em 1997, o cinema pernambucano é retomado
com o filme "O Baile Perfumado", de Lírio Ferreira e Paulo Caldas e, a
partir de então, a produção pernambucana vem brilhando no Brasil e no
mundo inteiro.
Hoje, Pernambuco conta com vários festivais de cinema e neste ano o
CINE PE, realizado no Recife neste mês de abril, em sua décima sétima
edição, é considerado, na exibição, na formação, na difusão da
informação, como um dos grandes encontros dos profissionais da indústria
e dos amantes da sétima arte. Bem vindos cinéfilos, Recife abraça, com o
coração e com a sua luz, o cinema brasileiro. Luz! Câmara! Ação!
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